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Política de Gênero

Com essa confusão toda que atormenta o pensar de tanta gente, que confunde conceitos básicos sobre temas essenciais, resolvi ajudar a esclarecer o que é política de gênero. De fato, existem vários gêneros.

No campo da falta de vida própria, por exemplo, tem o gênero imbecil. A palavra imbecil vem do latim “baculus” (bengala) e significa aquele que se apóia em alguma coisa para poder se destacar. São pessoas sem conteúdo, que se agarram a qualquer discurso e imaginam que estão abafando.

Quase na mesma linha, existe o gênero retrógrado. São aqueles sujeitos que, ultrapassados em suas posições conservadoras e pouco hábeis para se abrir para a decência e a vida ética, acabam por reproduzir preconceitos a mão cheia, como se verdades fossem, apelando para idiossincrasias da fala que a maioria das pessoas de bem já superou.

Existe ainda o gênero fracassado. São aquelas pessoas que precisam mudar de posição na vida, de vez em quando, para não perderem a visibilidade. Elas mudam suas posições no cenário, inclusive no campo das ideias, porque isso lhes parece conveniente para manter a imagem em evidência. Não possuem coerência nenhuma, apelam para idiotices “de gênero” intelectual pobre, mas não convencem ninguém, apenas os seus semelhantes.

Sem falar no gênero “nonsense”, expressão que vem do inglês e significa “sem sentido”. Esses cidadãos não falam coisa com coisa, papagueiam suas “verdades”, mas que copiam de outras pessoas cuja idoneidade moral é bastante discutível, justamente por reproduzirem as mesmas barbaridades éticas que eles.

E o que poderíamos dizer do gênero “finjo que faço alguma coisa”? Esse é fácil definir. São aquelas pessoas que optam por não fazer nada e vivem criticando quem faz. No seu “extenso” currículo não existe nada de significativo, nem no passado e nem no presente, mas cultivam uma imagem de pragmáticos e realizadores.

Não poderíamos nos esquecer do gênero “autoritário”. São os que se beneficiam do regime democrático, mas não suportam a democracia, divulgando publicamente suas percepções totalmente antidemocráticas, que atendam contra a dignidade da pessoa humana e contra a civilidade.

Como a memória não me falha, destaco também o gênero “faltei à escola neste dia”. São os que apesar de possuírem um diploma, não têm a menor ideia do que seja ciência social, psicologia, direitos humanos, filosofia, ou seja, não conseguem pensar de forma abrangente, mas como frangalhos intelectuais acabam ocupando lugar na mídia e se destacando como paladinos da moralidade e dos bons costumes.

Todos podem ver que, apesar de muitas confusões, existem muitos gêneros e opções de comportamento. Cada um assume aquela que melhor lhe convém, afinal, vivemos num regime democrático, laico e já superamos todos os tipos de preconceitos (ou não?). Temos de aceitar todos esses gêneros, porque eles fazem parte da dinâmica da vida social. E aceitá-los de bom grado, caso contrário incorreríamos no desrespeito às opções de cada um.

Questão de gênero é coisa séria e não podemos tergiversar com brincadeiras de mau gosto, não é mesmo?

Sobre José Renato Polli

Filósofo, Historiador e Pedagogo. Doutor em Educação (FEUSP). Pós-doutor em Educação (FE-UNICAMP), Pós-doutor em Estudos Interdisciplinares (CEIS20-Universidade de Coimbra). Atualmente é Professor Adjunto Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Sorocaba e Professor Colaborador junto ao Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação (PAIDEIA) e Editor Adjunto da Revista Filosofia e Educação (ambos da Faculdade de Educação da Unicamp). Editor responsável pela Editora Fibra e Consultor Educacional. Autor de 32 livros nas áreas de Filosofia, História e Educação, crônicas e literatura infanto-juvenil.

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