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Amizades Sinceras

Para que a vida fique mais fácil de ser enfrentada e para uma boa saúde mental, diz Frei Betto, três requisitos são fundamentais: trabalho, lazer e amizades. As amizades não se constroem da noite para o dia, são fruto de muita parceria, posturas comuns, lutas e sonhos. Elas podem começar de diversas maneiras, em diferentes espaços, até mesmo distribuindo folhetinho na rua para divulgar ideias. A amizade sincera custa caro, precisa de constante cultivo, assim como as flores dos vasos e jardins. Creio que sua principal característica é a comunhão de valores. Independentemente das situações, lugares, distância e pequenas diferenças de olhar. Quando os valores são comuns, as amizades perenizam e sempre haverá confiança mútua.

Enquanto as pessoas que nos rodeiam nem sempre podem corresponder como os amigos, estes, por sua vez, nunca nos faltarão. São eles, em algumas ocasiões, antes mesmo de nossos familiares, que se antecipam na solidariedade, na cooperação, na ajuda e no apoio nos momentos difíceis. Nem sempre conseguem estar o tempo todo ao nosso lado, porque também precisam de apoio e solidariedade. Há amigos os quais temos orgulho de defender, porque sabemos de seu percurso na vida, seus sonhos e esperanças, suas lutas por um mundo melhor.

Dependendo da situação, a admiração aumenta, sobretudo quando enfrentam com galhardia as intempéries da vida e saem vitoriosos. A integridade moral, característica pouco presente naqueles com quem convivemos diariamente, pode ser encontrada com certeza nos amigos sinceros e verdadeiros. A amizade é o grande alento nos momentos de sofrimento pessoal. Com diz Leonardo Boff, o pior do sofrimento não é o sofrimento em si, mas sentir-se só diante da dor. Por esta razão, os amigos verdadeiros, estarão de alguma forma sempre presentes, fiéis, com palavras e ações, dando conforto aos companheiros a quem admiram.

Raramente os amigos nos faltam. Eles sempre expressam seu reconhecimento, agradecimento, por meio de gestos e atitudes generosas para conosco. Não há necessidade de bajulação, adulação, atitudes interesseiras para demonstrar amizade. Aliás, quase sempre essas posturas são contrárias ao verdadeiro espírito da amizade. Se os amigos podem nos ajudar e nós a eles, fazemos por reconhecimento e consideração.

Onde houver amigos, nunca estaremos sozinhos. Podemos esperar apoio, direto ou indireto, no plano das ideias ou na vida prática, que ele certamente virá. A amizade vale mais que qualquer ideologia, mais que qualquer interesse. Ela se perpetua no tempo e constitui-se como uma amarra entre corações, cujos nós nunca desatam.

Sobre José Renato Polli

Filósofo, Historiador e Pedagogo. Doutor em Educação (FEUSP). Pós-doutor em Educação (FE-UNICAMP), Pós-doutor em Estudos Interdisciplinares (CEIS20-Universidade de Coimbra). Atualmente é Professor Adjunto Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Sorocaba e Professor Colaborador junto ao Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação (PAIDEIA) e Editor Adjunto da Revista Filosofia e Educação (ambos da Faculdade de Educação da Unicamp). Editor responsável pela Editora Fibra e Consultor Educacional. Autor de 32 livros nas áreas de Filosofia, História e Educação, crônicas e literatura infanto-juvenil.

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