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Aquele Empurrão

Entre os anos 70 e 80 vivenciei momentos apaixonantes de formação humana nos movimentos de jovens católicos e na pastoral da juventude, que me levaram a ingressar no seminário diocesano de Jundiaí. Estive durante um ano recebendo a graça do convívio com professores queridos, como os padres Paulo André Labrosse, Joaquim Justino Carreira e Eugênio Inverardi, além dos professores Paulo Bevilacqua, Claudete Aguiar, Ivete Lourenço Franciscão e Dircinha Maira Mesquita.

Apaixonei-me pela área de filosofia e tive a oportunidade de participar daquele que seria o evento precursor das jornadas mundiais de juventude, em Roma. Neste evento, pude ver de perto João Paulo II na capela Sistina e participar da missa de páscoa celebrada por ele na praça de São Pedro.

Sem esta experiência, tenho certeza, não seria quem sou hoje. Nas memórias ficaram os laços de amizade com meus contemporâneos de seminário, alguns mais velhos e outros da mesma idade. Mesmo não tendo a oportunidade de conviver mais com eles, a admiração não deixou de existir. Nesta semana, numa conversa com uma grande amiga, despertou-me o desejo de escrever sobre estes amigos e sobre um episódio em particular que me tocou muito simbolicamente.

Nós tínhamos toda quarta feira um jogo de futebol na cidade dos meninos, logo após os trabalhos de limpeza da casa. Era uma festa. Mas também havia disputas. Alguns eram bons de bola, outros verdadeiros pernas de pau. Me incluo neste segundo grupo. Em um determinado jogo levei um grande tranco de um dos colegas mais velhos, muito mais alto do que eu, o que me deixou muito aborrecido. Naquele dia, à noite, ele me procurou em meu quarto para se desculpar. Mas aquele empurrão fazia parte de um outro jogo. Nesse jogo, que é o jogo da vida, o seminário foi um grande empurrão.

Padre Félix Xavier da Silveira foi quem me deu o tranco. Não me esqueço do gesto dele, de reconciliação. Os amigos queridos desta geração me marcaram muito, todos me ajudaram muito como pessoa. Alguns já eram meus amigos, a maioria frequentadores dos movimentos de jovens, como o padre Cássio Murilo Dias da Silva e o padre Norberto Savietto. Mas, outros nomes como o dos padres Edélcio Francisco, Átila Destefani, Maurício Vieira, Jorge Demarchi, João Estevão da Silva (João Marrom), José Paulo de Almeida, João Lúcio do Prado Neto, Venilton Calheiros, José Roberto Araujo, Adilson Amadi, Geraldo Bicudo de Almeida, João Batista Carvalho, José Raimundo Lucas Prazer e Arnaldo dos Santos. Além deles, que seguiram perseverantes, vários outros amigos queridos se encontraram na vida acadêmica. Sou grato à vida por esse empurrão bendito.

Sobre José Renato Polli

Filósofo, Historiador e Pedagogo. Doutor em Educação (FEUSP). Pós-doutor em Educação (FE-UNICAMP), Pós-doutor em Estudos Interdisciplinares (CEIS20-Universidade de Coimbra). Atualmente é Professor Adjunto Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Sorocaba e Professor Colaborador junto ao Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação (PAIDEIA) e Editor Adjunto da Revista Filosofia e Educação (ambos da Faculdade de Educação da Unicamp). Editor responsável pela Editora Fibra e Consultor Educacional. Autor de 32 livros nas áreas de Filosofia, História e Educação, crônicas e literatura infanto-juvenil.

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