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Mais Uma Alegria

A carreira docente tem seus sabores e dissabores. Quem nega as adversidades da profissão como fatos naturais logo cai na lamúria constante, desesperançoso e recusando-se a lutar. Muitos usam subterfúgios para justificar suas descrenças. Não há como negar, porém, que não é fácil professar.

Muitas tristezas e sofrimentos podem aparecer ao longo da vida de trabalho. Mas, sim, a atuação do educador é uma profissão, como crença em ideias e porvires. E os porvires se materializam não necessariamente em um “sucesso” pessoal. Há também o alento de ver o crescimento daqueles que por nossas vidas passaram.

Na última semana recebi uma mensagem de um aluno querido, com quem tive o prazer de conviver no ensino superior, no curso de economia. Daqueles que possuem luz própria, semblante ameno e cativante. A mensagem foi dirigida a mim e outros três colegas que também foram seus professores. Um agradecimento, uma lembrança, que parece ter sido uma marca da boa relação para ele. Agora ele se tornou mestre em Sociologia pela Unicamp, trabalhando com tema da Filosofia.

E me ponho a pensar no ambiente da universidade. Há espaço para o desejo de crescimento acadêmico, de se tornar pesquisador, mesmo contra toda aparente desesperança que possa também atingir aos discentes. Há vários que passaram por minha vida que comprovam que a paixão pelo conhecimento é a única saída e a única salvação para os que esperam encontrar significados possíveis para a existência. Alunos, ou ex-alunos felizes com o que conseguem, acabam por nos tornar também pessoas mais felizes, pela trajetória que construímos.

Nesta trajetória entra apenas quem deve entrar, aqueles que possuem gosto pelo conhecimento, vontade de olhar de forma abrangente a vida e seus problemas. Há educadores que decepcionam pela sua falta de conhecimento e de empenho em conquistá-lo. Não há abatimentos possíveis diante de qualquer situação desconfortável, pessoal ou profissionalmente, quando estas compensações aparecem. Mais um aluno que dá sentido à minha carreira. Minha alegria em ser professor se reforça diante destas homenagens. Não por merecimento meu, mas pela consideração.
Como eu disse, inclusive na resposta à mensagem, há alunos que possuem luz própria e trilham seus caminhos com leveza, profundidade e sem sofrimento. Afinal, professar é se realizar no sonho que se sonha, com alegria, muita alegria.

Parabéns ao Hyury Pinheiro, colega de profissão, um aluno exemplar, estudioso, dedicado, interessado, como muitos que já tive. Agradeço publicamente pela amizade.

Sobre José Renato Polli

Filósofo, Historiador e Pedagogo. Doutor em Educação (FEUSP). Pós-doutor em Educação (FE-UNICAMP), Pós-doutor em Estudos Interdisciplinares (CEIS20-Universidade de Coimbra). Atualmente é Professor Adjunto Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Sorocaba e Professor Colaborador junto ao Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação (PAIDEIA) e Editor Adjunto da Revista Filosofia e Educação (ambos da Faculdade de Educação da Unicamp). Editor responsável pela Editora Fibra e Consultor Educacional. Autor de 32 livros nas áreas de Filosofia, História e Educação, crônicas e literatura infanto-juvenil.

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