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Políticas para a Juventude

Em um evento promovido pela Pastoral Fé e Política da Diocese de Jundiaí, pude reencontrar-me com minhas origens sociais militantes, depois de tantos anos. Em primeiro lugar um convite inusitado para esta ovelha desgarrada do rebanho. Ao mesmo tempo em que, uma alegria imensa em ver que a vida dá muitas voltas e que o processo histórico está sempre em aberto.

O debate em questão foi sobre as políticas públicas para a juventude. Procuramos traçar um panorama histórico das ações governamentais, que tiveram início efetivamente somente em 2005, com a implantação de uma emenda à constituição, em 2010, que instituiu a PNJ (Política Nacional de Juventude) atrelada a um órgão público federal, a SNJ (Secretaria Nacional de Juventude).

O primeiro fator a considerar é o fundamento que precede a toda política para o setor: respeitar os jovens como autores de seu próprio destino e como capazes de auxiliar no enfrentamento dos problemas que acometem a eles próprios e à sociedade como um todo. Desfazer-nos dos preconceitos que nos incitam a um olhar pouco atento quanto à capacidade dos jovens em olhar e perceber o mundo. É fato que eles são objeto primeiro das influências do mercado, das ideologias, do consumismo. No entanto, muitos, envolvidos e comprometidos com causas sociais e solidárias, no âmbito das escolas, das igrejas e dos organismos da sociedade civil, contribuem decisivamente para que um outro mundo seja possível.

Dados do Ministério da Saúde e de Organizações da Sociedade Civil indicam, entre outros fatores, uma situação de extermínio da juventude, especialmente a juventude negra, bem como o descaso para com a garantia de todos os direitos sociais dos jovens, que entre outras coisas são os que mais sofrem com o desemprego, o analfabetismo, a expulsão do processo escolar regular, entre outros fatores.

Os diversos planos e projetos que vem sendo implementados por governos e entidades da sociedade civil, se baseiam naquilo que o texto-base da Campanha da Fraternidade de 2013 chama de “protagonismo juvenil”. Sim, o jovem é capaz de criar artisticamente, políticamente, comunitariamente. Só precisa ser ouvido, acolhido, sem os dirigismos habituais, que sob o manto do discurso de sua “incapacidade”, encobrem desejos de manipulação ideológica e colocá-lo num patamar de “nada saber”.
Em âmbito local, as articulações entre os diversos níveis de governo, a constituição de fóruns de debates e a recém-anunciada criação da coordenadoria da juventude, podem ajudar significativamente a envolver a juventude nos destinos de nossa cidade. Como um ex-militante da Pastoral da Juventude, fico muito feliz em poder contribuir para com este debate.

Sobre José Renato Polli

Filósofo, Historiador e Pedagogo. Doutor em Educação (FEUSP). Pós-doutor em Educação (FE-UNICAMP), Pós-doutor em Estudos Interdisciplinares (CEIS20-Universidade de Coimbra). Atualmente é Professor Adjunto Permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Sorocaba e Professor Colaborador junto ao Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP. Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação (PAIDEIA) e Editor Adjunto da Revista Filosofia e Educação (ambos da Faculdade de Educação da Unicamp). Editor responsável pela Editora Fibra e Consultor Educacional. Autor de 32 livros nas áreas de Filosofia, História e Educação, crônicas e literatura infanto-juvenil.

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